Nosso objetivo é promover a restauração ecológica da vegetação, do solo e de cursos e nascentes de água para maximizar biodiversidade de flora (buscar aproximar-me aos ecossistemas de referência antes dos distúrbios antrópicos), proteger nascentes e corpos de água, reduzir erosão do solo e sequestrar carbono.

Diagnóstico da área

Reserva Natural Veredas dos Buritis (limites em vermelho), com áreas prioritárias a restaurar marcadas em verde e azul.

Histórico de uso do solo

A Fazenda Canadá (2.500 hectares, da qual a Reserva Natural foi desmembrada) tinha a pecuária extensiva de bovinos como atividade econômica principal, com cerca de 200 cabeças até dezembro de 2020. Nos últimos oito anos, o proprietário arrendou o pasto a um terceiro que aumento significativamente a densidade de bovinos na área (mais de 500 cabeças), causando perda de vegetação e compactação do solo, inclusive em áreas ao longo de corpo de águas. Algumas áreas da Fazenda Canadá foram plantadas com capim braquiária (particularmente propriedades a oeste da RNVB, fora dos limites da Reserva), mas outras permanecem com vegetação natural inclusive capins do Cerrado (o que é o caso com a maior parte da RNVB).

A RNVB possui pouca extensão de áreas intensamente degradadas. Toda a área da RNVB era usada como pasto para pecuária extensiva. Algumas áreas de vereda no sul da Ilha dos Buritis foram plantadas com por capim Quicuio (Braquiaria humidicola), que é muito apreciada pelo gado. A existência de uma nascente de água perene na Ilha dos Buritis também é um atrativo para o gado da Fazenda, particularmente na estação seca, como comprovado pelo forte pisoteio ao redor dessa.

O gado foi retirado ao longo do primeiro semestre de 2021, mas não completamente. A quantidade de cabeças de gado reduziu, mas não zerou até julho de 2021. Isso porque o proprietário anterior segue criando gados que não são confinados de maneira adequada, além de que gado de outras propriedades vizinhas também parecem frequentar a RNVB. A situação está sendo contornada por meio da retirada do gado da Fazenda Canadá, e cercamento das áreas abertas a outros proprietários, como ao longo do Rio São Bartolomeu (fora da RNVB).

O potencial de regeneração da maior parte da Reserva é alto dada a presença de brotas e plântulas e de áreas com vegetação em muito bom estado (particularmente próximo ao PNCV e no mirador). O inventário florestal verificou que a regeneração natural de árvores nas áreas de cerrado sensu stricto, de forma geral, representa parte da composição do estrato adulto e com alta densidade de indivíduos.

Assume-se portanto, o caráter auto-regenerativo das áreas amostradas. No entanto, quando a análise é realizada diferenciando áreas de cerrado rupestre / denso da encosta daquelas de cerrado ralo /típico de áreas planas, verifica-se que o segundo ambiente, mais aberto e impactado por atividade de pecuária, possui déficit de espécies e de indivíduos regenerantes, em especial na classe de árvores jovens. Esse é um alerta para a necessidade de ações de enriquecimento e recomposição da cobertura vegetal dentro da Reserva, sobretudo com espécies de usos múltiplos (medicinal, frutífera, melífera, etc.) e adaptadas aos solos de baixa fertilidade e arenosos.

Algumas propriedades vizinhas restauraram áreas degradadas por pasto e capim exótico com sucesso, como a Reserva / RPPN Bacupari, RPPN Vale das Araras e a Fazenda Miraflores. Podemos tirar importante lições dessas experiências.

A situação de referência se refere à vegetação original antes da conversão a pasto. Dados do inventário florestal apontam que a RNVB tem diversas fitofisionomias:

Savânicas

    • Cerrado típico

    • Cerrado rupestre

    • Veredas

Florestal

    • Mata de Galeria

Os resultados do Inventário Florestal devem guiar as ações de recuperação e recomposição da cobertura vegetal da Reserva, assim como passivos ambientais de propriedades vizinhas.

Sabe-se, por exemplo, que trechos inundáveis de mata de galeria precisam ser recompostos por pequeno conjunto de espécies adaptadas à saturação hídrica, enquanto que os trechos não inundáveis são menos restritivos em relação a adaptação de nichos das espécies. Áreas de cerrado sensu stricto de encosta (rupestre / denso) apresentam conjunto de espécies muito distintas das áreas de Cerrado (ralo/típico) sobre relevo plano, o que também pode guiar as espécies a serem utilizadas em restauração com fins ecológicos.

Principais fontes de degradação ambiental na Veredas dos Buritis

Capim exótico invasor em área de vereda

Processo erosivo

Excessivo acúmulo de serrapilheira

Área de "malhador"

A situação das áreas zoneadas na RNVB até o fim de 2020 era:

Ilha dos Buritis: Cerrado sensu stricto na maior parte da área, com uma área de adensamento de Cerrado (tendendo a se transformar em cerradão) na sua parte central devido a controle de fogo. Área em declive. Parte baixa (próximo às veredas) têm gramíneas exóticas (Brachiaria humidicola) e solos encharcados. Há erosão em partes do solo, e duas voçorocas, uma grande no limite da ilha com a parte exterior (entrada da vereda) e outra na parte interna da ilha. A parte alta da ilha tem vegetação em ótima condição, no limite com o PNCV. Em toda a ilha, há grande variedade de espécies do Cerrado (árvores, arbustivas e gramíneas) e avifauna abundante.

Baixa do Sucupira: Área plana, cerrado senso restrito, algumas área com solo altamente compactado e exposto mas com presença de regenerantes. A área sofreu o raleamento do estrato arbóreo do cerrado típico para o pastejo do gado bovino. Em algumas áreas onde houve alta concentração de gado para alimentação, denominadas localmente como malhadores, existe intensa compactação e exposição do solo, além da abertura de inúmeras trilhas do gado. Devido influência da topografia suave ondulada, mesmo com baixo nível de degradação há evidência de processos erosivos de forma laminar e sulcos levando à grandes perdas de solo e desbarrancamento pontuais. Há grande diversidade de árvores, arbustos e gramínea típicas do Cerrado.

Mirador da Santana: Campos rupestres em ótimo estado de conservação da vegetação e do solo, particularmente no pé da serra próximo ao limite com o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros. Campos higrófilos na parte baixa, próximo a uma nascente de água (na propriedade do vizinho na parte sul da propriedade).

Matas de Galeria e cursos d´água: Há três grandes matas de galeria ao longo de veredas em ótimo estado, marcadas pela presença dos buritis e de outras espécies ombrófilas, inclusive epífetas como a orquídea da baunilha do Cerrado.





Plano de restauração ecológica

Estudo topográfico

Um estudo topográfico foi realizado em março de 2021, pela MB Consultoria e Capacitação em Geotecnologias. (?)

Proteção da área em restauração

Cercar parte do perímetro da RNVB para proteger do pisoteio do gado:

  • Uma cerca de 1.1 KM na parte norte da RNVB foi finalizada em abril de 2021, com quatro fios de arame liso para conter gado. O limite sul com o parque não será cercado, os limites leste e oeste serão protegidos pelos vizinhos. Importante que o proprietário da Fazenda Canadá se comprometeu a tirar o gado até junho de 2021. Um risco adicional é que outros vizinhos (exemplo Fazenda Veredas) também tem gados que passam a Fazenda Canadá com frequência.

Gestão integrada do fogo:

  • Preparação de aceiro em Julho de 2021 com 2 metros de comprimento nos limites sul e norte de toda a propriedade. No futuro, queimadas prescritas poderão ser aplicadas.


Controle da erosão laminar

Controlar o solo exposto:

  • Identificar as principais áreas de solos expostos a serem cobertas (maioria na Baixa do Sucupira).

  • Cobrir os solos expostos com vegetação por meio de enriquecimento de espécies arbóreas, arbustivas e gramíneas por sementes e possivelmente mudas.

  • Controlar o tráfico de gado, carros, pessoas. Preparar trilhas para evitar pisoteio em toda a propriedade, focar movimentos nas áreas das trilhas.

Controle de voçorocas e ravinas (técnicas físicas)

  • Diminuição da velocidade das enxurradas condicionamento do fluxo de água originado da drenagem das enxurradas é a primeira medida a ser adotada, pois este é o mecanismo principal que promove o desencadeamento do processo erosivo. Isso se faz através de desvios (na forma de bigode) e abertura de bacias de sedimentação (barraginhas). Essas pequenas bacias, na temporada chuvosa, esvaziam e enchem em torno de 15 vezes, propiciando umidade aos solos por períodos mais prolongados, além de auxiliar na contenção de processos de erosões e revitalização de córregos e rios. Essas bacias fornecem água para animais silvestres, além de possibilitar que o proprietário irrigue hortaliças e roças durante a estação de seca, embora não seja indicada para o consumo humano.

  • Controle das águas em superfície e subsuperfície (conservação do sistema de drenagem).

  • Suavização das bordas, margens ou flancos destas morfologias (retaludamento) .

  • Colocar transversalmente uma série de obstáculos convenientemente distanciados, como barragens, paliçadas, muros de pedra, etc., para a retenção de água e sedimentos no leito do canal para diminuir a velocidade do escoamento das águas. Completar com o uso de palha, grama para reduzir velocidade da água e cobrir áreas expostas.

Controle de voçorocas e ravinas (técnicas biológicas)

  • Plantar espécies com sistema radicular desenvolvido dentro e na beira das voçorocas, como gramíneas nativas, arbustos (ex. Fedegosão) e arbustivas (gameleira) dentro do leito e nos barrancos das voçorocas e ravinas.

  • Uso de plantas da família das leguminosas (Fedegosão, Angico, Garapa, Pau Jacaré, Vinhático, Farinha Seca etc.) deve ser priorizado.

  • Evitar o acesso do gado à voçoroca particularmente quando já em recuperação.


Monitoramento do controle da erosão

Variáveis a serem monitoradas incluem:

  • Área de cobertura descoberta (análise de imagem do drone).

  • Número e extensão de voçorocas / ravinas / sulcos.

Mapear as diferentes zonas de restauração

Plantação de mudas (1 hectare)

A restauração visa proteger o solo que sofre de processos erosivos, disponibilizar frutos nativos do Cerrado para a fauna e para o consumo humano. O mapa abaixo mostra em detalhe a área a restaurar:

Caracterização inicial: Área úmida com predomínio de gramíneas (nativas e exóticas) e presença de árvores e arbustos de Cerrado e mata de galeria espaçadas no terreno. Área sofrendo de processo erosivo avançado, com formação de voçorocas, devido à passagem de gado e enxurradas.

Método de restauração: Recomposição da cobertura vegetal nativa, por meio de mudas de árvores nativas do cerrado em espaçamento de 3 x 4 metros em um hectare, totalizando cerca de 600 mudas. Será mesclada a técnica de semeadura direta em covetas com uso de sementes de Talisia esculenta (Pitomba) junto das mudas. Semeadura de Senna alata (fedegosão) entre as linhas de arvores para adubação verde (fertilizante) e proteção do solo exposto atualmente. Além disso, haverá condução da regeneração natural, através do coroamento (retirado do capim no raio de 40 cm ao redor da regeneração) para árvores e arbustos nativos existentes no local. O objetivo é a reduzir a competição por luz e nutrientes e favorecer o crescimento da espécie lenhosa. Esse modelo integrado de recomposição da cobertura vegetal nativa foi proposto pelo Engenheiro Florestal Ricardo Haidar.

Implantação: As mudas foram preparadas e compradas do Sr. Emílio Kalunga e sua esposa Giovania em sua casa em Cavalcante entre novembro e dezembro de 2020, com sementes colhidas do território Kalunga.

As primeiras 600 mudas e as sementes de fedegosão e outras espécies foram plantadas em Fevereiro de 2021, no auge da estação de chuvas. A preparação das covas e plantação em campo tomou 4 dias, com a participação de 5 pessoas, liderada pelo Sr. Emílio e sua família, sob a supervisão do Engenheiro Ricardo Haidar.

Manutenção: Para aumentar a chance de sobrevivência das mudas plantadas, a manutenção começou a partir de Julho de 2021. e requer duas pessoas por semana (custo de R$500 ao mês).

  1. Irrigação manual das áreas (usando água da mina).

  2. Redução da concorrência com capins por coroamento (mas sem expor os solos, particularmente na época seca).

Aprendizados com a plantação das mudas na RNVB:

  • Mudas atacadas por tatus ou roedores logo após plantação. Número exato de atacadas não é certo, mas não foram muitas.

  • Manuseio da muda incorreto em alguns casos (raízes cortadas dentro dos sacos, cova não muito profunda)

  • Plantio em zona de alagamento causando morte de algumas mudas (~15 de acordo com seu Emílio, em visita no dia 3 de março, após o fim das chuvas).

  • O solo alagou durante o auge das chuvas, mas escoou novamente depois. As plantas ficaram alagadas por menos de uma semana. Jatobás parecem ter sofrido mais com alagamento.

  • Em julho, Seu Emílio contou a taxa de sobrevivência – 23%. As mudas morreram por falta de irrigação na estação seca, pisoteadas e comidas pelo gado que ainda circula na área.

  • Em Setembro, Seu Emílio contou a taxa de sobrevivência em torno de 30%, com 150 mudas. Algumas mudas brotaram, que tinham sido consideradas perdidas na última contagem.

  • Em setembro 2021, gado continua a entrar na área e danificar algumas plantas. O Jenipapo é particularmente atacado, com alguns barus na época da seca também danificados.

  • A redução do capim no auge da estação da seca revelou diversas outras mudas, como o fedegosão e pitomba que estão crescendo.

  • Os jatobás do cerrado estão de desenvolvendo particularmente bem, em dois anos já correm o risco do dossel se encontrarem

Restauração da mata de galeria (? hectares)

Em julho de 2021, 10 buritis foram plantados ao longo do riacho dos buritis. As mudas foram feitas pelo Seu Emílio, plantadas em covas de cerca de 20 cm, com adição de fertilizante orgânico. As mudas foram plantadas por crianças, na primeira campanha de educação ambiental da reserva.

Regeneração natural assistida (20 hectares)

O inventário florestal constatou que as áreas de cerrado ralo/típico apresentam baixa riqueza e densidade de regenerantes do estrato arbóreo, sendo sugeridas ações de enriquecimento com foco em espécies que ali ocorrem, como Hancornia speciosa (Mangaba) e Lafoensia pacari (Pacari), que possuem uso alimentício e medicinal consagrados pela população local. Além do enriquecimento, a recomposição de biodiversidade é indicada através do plantio de muda, semeadura direta e condução da regeneração natural de espécies variadas.

A regeneração natural assistida é um misto do plantio ativo com a restauração passiva. Nessa abordagem, as pessoas intervêm para ajudar as árvores e a vegetação nativa a se recuperarem de forma natural, eliminando barreiras e ameaças a seu crescimento, utilizando seu conhecimento da terra e tradições ancestrais.

Mas o que exatamente as pessoas podem fazer para ajudar a terra e limitar a frequência e a severidade de perturbações que podem prejudicar árvores jovens e impedi-las de crescer?

Para prevenir a propagação de incêndios florestais, as pessoas podem construir aceiros e limpar o solo da floresta de detritos secos. Para impedir o gado de mastigar mudas, é possível construir cercas. Para dar às árvores nativas espaço suficiente para crescer, pode-se remover gramíneas e arbustos invasores. E, se a regeneração natural por si só não aumentar a cobertura vegetal com rapidez suficiente ou se as espécies pretendidas não aparecerem sozinhas, as pessoas podem plantar árvores de forma seletiva, a fim de preencher as lacunas.

Método: regeneração natural com pouca intervenção (controle de fogo, gado) e enriquecimento de algumas espécies.

Enriquecimento: de acordo com brotas e banco de sementes existente, possível enriquecer com outras espécies.

Parcerias para restauração:

  1. Quilombo Kalunga – Sr. Emílio, realizar coleta de semente, preparação da área e plantação

  2. Associação Cerrado de Pé – apoio técnico, plano de manejo, execução na semeadura direta

  3. Estudantes – a identificar – estudar cientificamente o resultado da restauração e dar assistência para melhoria da técnica [UNICAMP, fundos ainda não garantidos]

Semeadura direta (1 hectare)

Método: A decidir [semeadura direta em área total]

  1. Plantio (definir espaçamento, direção do plantio - linha, lanço, em covas ou direto no solo, cobrir o solo?). Inicia-se normalmente em outubro, início da estação de chuvas.

  2. Manejo (manual, roçada mecânica)

  3. Espécies a plantar : A decidir – Levar em conta a atração da fauna como objetivo principal.

    1. Selecionar as espécies a serem semeadas: Para a escolha das espécies existem alguns critérios sugeridos para ajudar na decisão: - Observar o tipo de vegetação e espécies que ocorrem originalmente na área; - Selecionar espécies nativas que ocorram naturalmente na região em maior número possível; - Utilizar combinações de plantas nativas de rápido crescimento junto com plantas que crescem num ritmo mais lento; - Selecionar espécies capazes de colonizar áreas degradadas, como barrancos de estradas, pois estas plantas se adaptamàás condições de solos descobertos, sem matéria orgânica e com altas temperaturas; - Selecionar espécies nativas capazes de competir com as invasoras para que estas dificultem seu retorno; - Para restaurar savanas e campos dos cerrados devemos incluir as espécies herbáceas e arbustivas nestes ambientes, pois são plantas que crescem mais rápido e podem evitar a ocupação pelas espécies invasoras. Recomenda-se considerar plantas nativas que produzam frutos e atraiam animais dispersores de sementes. Essas plantas também irão garantir ao longo dos anos os recursos alimentares para esses animais (insetos, aves, mamíferos, peixes, etc).





Monitoramento da restauração

Variáveis a se monitorar:

  • Área coberta por vegetação nativa - % do solo coberto por nativas. [verificar Protocolo de Monitoramento de Projetos de Restauração Ecológica do Estado de SP].

  • Taxa de sobrevivência das sementes / mudas plantadas.

  • Densidade dos regenerantes (árvores, arbustos e gramíneas) [mede a quantidade de indivíduos nativos regenerantes de espécies lenhosas nativas / há].

  • Riqueza dos regenerantes (árvores, arbustos e gramíneas) [mede o número de espécies nativas regenerantes de espécies lenhosas nativas / há].

  • Cobertura da copa (em estados avançados da sucessão).

  • Altura das árvores.

A verificação dos indicadores ecológicos deve ser realizada por meio de parcelas amostrais, que representam a totalidade da área em restauração. O número de parcelas é função da área a restaurar, e das diferentes técnicas sendo usado (número de parcelas = número de hectares + 4). O executor do projeto decidirá se a localização das parcelas amostrais será fixa (parcelas permanentes) ou variável. As parcelas devem estar posicionadas de modo aleatório na área a ser monitorada. Nos casos em que a restauração for realizada por meio de plantio em linhas, a linha amostral da parcela deverá ser posicionada na diagonal com relação à direção da linha de plantio ou semeadura (quando houver). Cada parcela deve ter o tamanho fixo de 100 m2, com 25m de comprimento e 4m de largura. Para montagem da parcela, recomenda-se que primeiramente seja definida com uma trena a linha amostral, e na sequência a largura da parcela seja fixada em 2 metros para cada lado da linha amostral, conforme demonstrado na figura abaixo:

O monitoramento da cobertura do solo por forma de vida (vegetação competidora, solo exposto, árvores, arbustos e herbáceas nativas), pode ser realizada utilizando o método de pontos: ao longo de uma trena esticada em 25 m, é posicionada a cada 50 cm uma vara de bambu com dois metros de comprimento, dividida em quatro partes de 50 cm, observam-se todos os elementos que tocam na vara. Fotografias podem ser feitas todos os anos do mesmo lugar e a cobertura do solo pode ser observada. Para medir a riqueza de espécies e a densidade de regenerantes lenhosos com mais de 30 cm, estica-se uma trena de 25 m e todas as plantas que estão presentes numa faixa 1 metro ao longo da trena são contadas e identificadas.

Na semeadura direta:

Nas duas primeiras semanas, devemos visitar a área a cada 2 ou 3 dias, pois é nesse momento que verificamos se as sementes estão germinando bem, e identificamos as causas da baixa germinação, como pisoteamento, predação por formigas, aves ou outros animais, arraste das sementes pela chuva, sementes muito enterradas, etc. Depois das duas primeiras semanas devemos voltar na área entre 40 e 60 dias após o plantio para verificar também a infestação de plantas indesejadas, e controlar se necessário. Depois disso, se estiver correndo tudo bem, monitoramos anualmente para verificar a dominância excessiva ou a ausência de alguma espécie de interesse ou grupo successional. (Fonte: Caminhos das Sementes).

Outras variáveis a se monitorar incluem:

  • Nascentes e cursos de água – Nascentes que brotam novamente. (Linha de base = 1)

  • Biodiversidade - dados coletas de diferentes formas, incluindo com camera trap. Possível parceria com entidade de pesquisa. Decidir os grupos de fauna a monitorar.





Gestão do fogo

Incêndios descontrolados, na sua maioria causados por humanos, é uma das maiores ameaças à Reserva. Os incêndios tem grande impacto sobre a vegetação, fauna e podem causar danos às infraestruturas e bens materiais. Sabe-se que o regime inadequado do fogo (com periodicidade anual e no auge da estação seca) causa grandes incêndios em áreas de vegetação nativa e consequentemente perda ou modificação demasiada de cobertura de vegetação nativa. No entanto, politicas de exclusão de fogo também são responsáveis por grandes incêndios catastróficos, devido ao elevado acúmulo de material combustível. A RNVB visa adotar a gestão integrada do do fogo (MIF) :

  • Aceiros. Um aceiro de 2 metros de comprimento foi preparado em julho de 2021 nos limites norte e sul da propriedade. Esse aceiro será mantido e limpo anualmente. No futuro, um aceiro será construído próximo à sede.

  • Queimadas prescritas. A partir de 2022, a RNVB experimentará queimadas controladas em algumas áreas com maior acúmulo de biomassa seca entre maio e julho para promover um mosaico de áreas queimadas e não queimadas. Isso para que, se um grande incêndio atingir a reserva, haja falta de material combustível em certas localidades e com isso, a diminuição da intensidade das labaredas e possibilidade ações de combate ao incêndio em situações mais favoráveis.

O Manejo Integrado do Fogo - MIF propõe o uso de queimadas controladas para prevenir grandes incêndios em épocas de seca intensa. Busca evitar a ocorrência de um único evento de fogo, em alta escala e com efeitos negativos, promovendo queimas com tamanhos reduzidos e diversidade temporal e espacial.

Em grande parte da Reserva registrou-se o acúmulo de camadas de restos vegetais em decomposição, como folhas, galhos, troncos e raízes, sobre o solo das formações vegetais. Foi interpretado que esse acúmulo se deu pela ausência de fogo por um período superior a cinco anos, em especial nas áreas da encosta coberta por cerrado rupestre e denso. Essa condição vem favorecendo o estabelecimento de algumas espécies florestais nas áreas de encosta, em especial onde há drenagens naturais com retenção de água. No entanto, esse intenso acúmulo de biomassa pode fornecer material combustível e facilitar a propagação de incêndios de alta intensidade com perdas da biomassa do estrato arbóreo em pé.